"A pessoa" vai entrando na sua vida aos poucos, conhecendo seus gostos, se encantando com algumas particularidades e com o passar do tempo, começa a querer mudar o jeito como você se veste, seu corte de cabelo, escolher seu amigos, exigir senhas de redes sociais... já ouviu histórias parecidas? É como se com o tempo, as diferenças passassem a ser vistas como ameaças, e o outro como objeto de satisfação dos nossos desejos, devendo ser exatamente 'aquilo que queremos'. O controle nas relações significa querer interferir no livre-arbítrio do outro. É comum que por trás dos comportamentos de controle, possam haver "boas intenções", como querer o 'bem do outro', ou evitar algum problema. Porém, cada pessoa é única e o "bem" para um não é o mesmo "bem" para o outro, assim, todos devem ter o direito de fazer suas escolhas e errar. As atitudes de controle servem mais para beneficiar o próprio ego do que como fonte genuína de preocupação com o outro. Querer ter controle de tudo traz sofrimento para si e prejuízo nas relações, pois não permitimos que o outro façaa suas escolhas e seja ele mesmo. Além disso, o controle exagerado nos relacionamentos prejudica a capacidade de empatia, pois a relação pode se tornar um grande jogo de poder, onde cada um quer defender sua opinião, acabando por não conseguir escutar genuinamente o outro e juntos cuidarem da relação. Comportamentos de controle com o objetivo de 'tornar o outro aquilo que eu escolho', acabam por sufocar os sentimentos positivos, de amor, cumplicidade e carinho...pois para poder sentir isto, precisamos RECONHECER o outro, ENXERG?-LO(A) como ELE/ELA ? de verdade, e não passar a vida tentando torná-lo(a) "o que eu quero". Em muitos casos, a dinâmica da relação deve ser pensada, pois se alguém está exercendo controle exagerado é porque o outro parceiro está permitindo, o que com o tempo pode gerar sentimentos de raiva e ressentimento. Deixar-se controlar também é perigoso, à medida em que a pessoa vai abrindo mão de aspectos importantes de sua identidade, podendo diminuir a autoestima e acarretar dificuldades mais sérias. É importante que o companheiro com comportamentos mais submissos possa colocar e manter sua opinião de forma clara e direta, mas com afeto, e que o casal vá aprendendo a ouvir e valorizar a opinião de ambos. Em muitos casos a ajuda terapêutica é essencial e muito benéfica para ambos os parceiros. O poder faz parte das relações, mas a busca de um equilíbrio é sempre o caminho mais saudável. Por Flórence Diedrich Psicoterapeuta Individual e de Casal