Por Psic. Flórence Diedrich
A terapia cognitivo-comportamental, parte da premissa de que são nossa interpretações dos fatos (não os fatos em si), que determinam nossa emoções e comportamentos.
Assim, a forma como interpretamos a realidade afeta diretamente a forma como nos sentimos e nos comportamos, interferindo diretamente na qualidade dos nossos relacionamentos.
Ao longo da infância e adolescência, construímos um conjunto de crenças a respeito de nós mesmos, de nossas relações e do futuro, formando um padrão estável e duradouro que norteia nosso funcionamento no mundo e a forma como vivenciamos as relações.
De acordo com a abordagem cognitivo-comportamental, a escolha do parceiro não se dá de forma casual e sim com o objetivo de confirmar crenças precoces. Desta forma, cada um constrói sua ideia de como seria o relacionamento ideal e das atitudes que espera do companheiro. Essas crençaas, que muitas vezes estão distorcidas, podem fazer com que tenhamos dificuldade de enxergar e aceitar o parceiro real, e façamos o constante esforço de esperar ou exigir que ele supra nossas expectativas ou idealizações.
O foco da terapia cognitivo-comportamental para casais, reside nos processos de pensamento, sistema de crenças e comportamento dos parceiros na relação. Na avaliação inicial, o terapeuta verifica como está o funcionamento do casal, quais as crenças e expectativas de cada parceiro sobre o outro e sobre o futuro da relação além de identificar quais os comportamentos que estão comprometendo a qualidade do convívio.
Após a avaliação inicial, é traçado um plano terapêutico conjuntamente com o casal e as intervenções são realizadas através de técnicas especificas como o treino de comunicação, solução de problemas e reestruturação cognitiva. O casal participa conjuntamentente e também ocorrem sessões individuais.
Podem ser combinadas tarefas de casa entre uma sessão e outra.
O casal vai aprendendo a identificar distorções de pensamento que podem estar dificultando o convívio. Essas distorções podem acabar mantendo estados disfuncionais de humor, que prejudicam a relação.
A leitura mental, por exemplo, é um tipo comum de distorção encontrada no relacionamento de casais, acontece quando um dos parceiros acredita que já sabe no que o outro está pensando ou como irá agir em determinada situação.
O terapeuta ajuda ambos a irem acessando crenças mais profundas sobre seu relacionamento e sobre relacionamentos em geral, mudanças nas crenças podem levar a alterações no afeto e no comportamento.
Geralmente quando os casais buscam terapia, o processo de comunicação está sendo ineficaz e muitas vezes gerando mágoas. Ele será foco importante de atuação do terapeuta cognitivo-comportamental no tratamento de casais.
A expressão de sentimentos, pensamentos e emoções, a forma como se expõe o desagrado e se faz pedidos de mudança de comportamento são habilidades que podem ser desenvolvidas no repertório de um casal e facilitar a interação da dupla.
Cada parceiro pode aprender quais comportamentos colaboram para a relação, fazer o relacionamento funcionar é algo que pode ser aprendido e deve ser treinado pelo casal, pois casais saudáveis não são aqueles que não tem dificuldades, mas os que aprendem a resolver os problemas de formas adaptativas e assumem uma atitude ativa na busca de uma relação satisfatória