Ele ou ela já foi o motivo da sua insônia, tirou seu apetite, deixou suas mãos trêmulas frente a um encontro, e agora, anos depois, você se pergunta se nunca mais irá sentir aquilo novamente. Vem a sensação de já conhecer o outro por completo, as rotinas, alguns "ranços", a atenção de ambos focada em tantas outras questões do dia a dia...
Quando a relação esfria sexualmente, ela provavelmente já esfriou em muitos outros aspectos. O olhar que dirigimos ao outro não é mais tão curioso, tão terno, tão atento...na verdade, ele provavelmente vem depois da organização da casa, da preocupação com os filhos ou finançaas, do stress do trabalho...(quando vem).
Neste momento, muitas relações podem se perder, pois muitos procuram reencontrar externamente o tal "brilho", em outros lugares, talvez outras relações... Temos a mania de valorizar o novo, querer o novo, o desafio, o incerto, o frio na barriga...mas, que tal podermos lançar um olhar mais valorizado àquele ou àquela que tem dividido a vida conosco? Que tem doado seu tempo, sua atenção? Que tem estado do nosso lado nos bons e maus momentos? Que fez parte de conquistas e construções?
A paixão virou amor, mas isso não significa que não possamos fomentar pequenas (ou grandes) "novas paixões" com nosso(a) companheiro(a), ao longo da relação. Para isso, precisamos abrir espaço (interna e externamente), dirigir novamente o olhar, sem a prepotência de achar que "já conhecemos tudo".
Sim, um nível razoável de maturidade nos permite perceber que cada escolha traz uma renúncia, uma perda. Que cada relação traz consigo uma responsabilidade. Que vivemos fases e ciclos em nossas relações, mas isso não significa que "o brilho" deva estar presente só na etapa inicial. O "brilho" (apaixonamento) desta etapa é, por si só o convidado principal, o protagonista que abre espaço para que a relação talvez se estabeleça, enquanto o "brilho" nas fases mais maduras da relação, vem para ornamentar, adornar tantas construções feitas...
"O brilho" que vem em uma fase de mais maturidade da relação, certamente é diferente do "brilho" inicial, que trazia mais emoção pela incerteza e pelas projeções...mas isso não faz dele menos especial, pois ele traz encanto e vida para uma relação que já tem muita história, mas também confiança e intimidade construídas.
Quando a relação esfria, que tal buscar reencontrar o tal brilho internamente? Através de novos investimentos e olhares para uma mesma pessoa...
Por Psicóloga Flórence Diedrich